domingo, 1 de agosto de 2010

ZERO HORA - PORTO ALEGRE


O cabaré de Renato Godá

Nos idos de 1990, Renato Godá tinha certeza de que seria ator. Em sua estreia, num teatro de São Paulo, desceu do palco ao final da apresentação certo de que merecia um Oscar. Ganhou um balde de água fria do diretor, que disse que ali ele morreria de fome. Sorte das artes cênicas, que perderam um péssimo ator. Sorte da música, que ganhou um excelente artista - o qual Porto Alegre pode conferir neste domingo (1º/8), no Santander Cultural.

Ele estreia na Capital lançando seu primeiro disco completo, Canções para Embalar Marujos, compêndio de 13 faixas que impregnam nos ouvidos tão forte quanto a fumaça dos cigarros, o cheiro da bebida e a poesia de rua que compõem seu universo lírico. Uma alternativa saudável e bem-vinda à caretice e ao bom-mocismo que dominam a MPB de fácil apelo comercial.

Canções… costura guitarras com acordeon, banjo com teclado hammond, riffs de rock pesado com levada do cancioneiro popular do leste europeu, chanson com saloon. Tudo gravado ao vivo em dois dias. Ora cantando, ora declamando, entre Tom Waits, Leonard Cohen e Serge Gainsbourg, Godá vai introduzindo seu cabaré particular - mesmo ambiente por onde circulam Tiê e Thiago Pethit, outros dois representantes de uma discreta revolução que toma corpo na música brasileira nesta década.

Não que Godá se considere um luminar ou algo do tipo. Ele só não consegue se enquadrar. E nem por culpa totalmente dele. Aluno disléxico e com déficit de atenção na escola primária, recebeu da professora muito mais do que aulas particulares:

- Ela me apresentou Bukowski, por exemplo. Imagina, eu tinha 11 anos, olha o que virou…

A influência do velho Buko está por todo lugar, do no olhar cansado e conformado (”Não tenho pose, não tenho pressa, não tenho tempo para sofrimentos, não tenho queixa nem endereço, sapatos novos ou pretensão de ser feliz a todo momento”, resume em C’est La Vie) à ode à boemia desbragada (”Eu já bebi em mesas sóbrias, conversei com reis, já conheci bares sujos, tantas bocas que beijei”, canta em Canção de Um Velho Marujo).

- Gosto dessa coisa de vagabundagem artística, de não se levar tão a sério, da espontaneidade - define-se Godá, com a tranquilidade que apenas os autodidatas talhados nas madrugadas dos vaudevilles de fama duvidosa possuem.







4 comentários:

  1. Muito bom texto. Adorei. Acompanhando seu trabalho desde o início, confirmo a cada
    novo trabalho que sua poesia cresce em verdades que há tempos não é dito. sem hipocrisia, sem fazer tipo. Além disso, a riqueza das canções embalam todos nós marujos.
    Sucesso em seu show de Porto Alegre.
    Elaine

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  2. Olá Renato !!

    Por gentileza, faça contato através de meu email: paulinhomeira@hotmail.com ?

    Tentei encontrar o seu, aqui e no myspace mas não consegui...

    O assunto é um pedido de ajuda no Myspace.

    Grato !

    Saudações Musicais

    Paulinho Meira

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  3. This the HORKID BLOG with ROVE- SCHAR?
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    You know for the DATIL?
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  4. Até que enfim músicas de bom gosto.
    Virei fã.
    Bjus

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