Compositor se inspira em Tom Waits e Gainsbourg
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Em outras palavras, o cara é muito romântico. Renato Godá escreve canções de amor que reabilitam, em tempos corretos de lei antifumo, uma certa canalhice masculina com cheiro de cigarro e bourbon.
Com uma atuação de cantor que sabe dramatizar os versos, Godá combina feições de vira-lata com aspectos do dandismo. O show do CD "Canções para Embalar Marujos" guarda a fumaça dos velhos cabarés, mesmo com o público sendo obrigado a tragar lá fora.
Inevitavelmente, você vai lembrar, noite adentro, do mundo de Serge Gainsbourg (1928-91) e da rouquidão subterrânea de Tom Waits, duas devoções do artista paulistano. No repertório de escrita passional, Godá não teme a transição entre as pegadas de um cão vadio e um dandismo chique.
Neste passeio, com trilha de chanson, vemos uma moça no Café de Flore em Paris, "às voltas com o inverno e o seu cachecol/relendo passagens de Michel Foucault". Pretensioso? Corta para o calor dos infernos de Copacabana, onde uma dama da calçada, talvez mais existencialista e fria que a francesa, vende seu corpo sem pudor.
Disco e show de composições próprias, com exceção de "Nasci para Chorar" (versão de Erasmo Carlos do clássico de Dion DiMucci), que bate com a autoironia de alguns momentos do disco. É compositor tirando uma onda da sua própria tristeza ou do universo que criou com a trilha sonora.
As moças gostam, as afilhadas de Balzac se emocionam, como testemunhei. Os homens podem ter um leve ciúme, o que é ótimo para deixar mais animada a noite. É programa para ver juntos, alternando sarrinhos com o suspense de coisas ditas no ouvido antes de ir ao banheiro ou fumar sozinho(a) na calçada. Funciona.
Com uma atuação de cantor que sabe dramatizar os versos, Godá combina feições de vira-lata com aspectos do dandismo. O show do CD "Canções para Embalar Marujos" guarda a fumaça dos velhos cabarés, mesmo com o público sendo obrigado a tragar lá fora.
Inevitavelmente, você vai lembrar, noite adentro, do mundo de Serge Gainsbourg (1928-91) e da rouquidão subterrânea de Tom Waits, duas devoções do artista paulistano. No repertório de escrita passional, Godá não teme a transição entre as pegadas de um cão vadio e um dandismo chique.
Neste passeio, com trilha de chanson, vemos uma moça no Café de Flore em Paris, "às voltas com o inverno e o seu cachecol/relendo passagens de Michel Foucault". Pretensioso? Corta para o calor dos infernos de Copacabana, onde uma dama da calçada, talvez mais existencialista e fria que a francesa, vende seu corpo sem pudor.
Disco e show de composições próprias, com exceção de "Nasci para Chorar" (versão de Erasmo Carlos do clássico de Dion DiMucci), que bate com a autoironia de alguns momentos do disco. É compositor tirando uma onda da sua própria tristeza ou do universo que criou com a trilha sonora.
As moças gostam, as afilhadas de Balzac se emocionam, como testemunhei. Os homens podem ter um leve ciúme, o que é ótimo para deixar mais animada a noite. É programa para ver juntos, alternando sarrinhos com o suspense de coisas ditas no ouvido antes de ir ao banheiro ou fumar sozinho(a) na calçada. Funciona.
RENATO GODÁ
Quando: hoje, às 22h30
Onde: Studio SP (r. Augusta, 591, tel. 0/xx/11/3129-7040)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (nome na lista)
Classificação: 18 anos
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